O mercado financeiro brasileiro apresentou um crescimento impressionante, mas nem todas as oportunidades são o que parecem. Muitas pessoas que confiaram seu dinheiro em produtos estruturados oferecidos por grandes corretoras enfrentaram uma realidade dura.
Investidores viram uma parte significativa de seu patrimônio simplesmente desaparecer. Em alguns casos, as perdas chegaram a valores alarmantes, próximos a 93% do capital inicialmente aplicado. Esta situação gerou grande frustração e levantou questões importantes sobre transparência.
O volume negociado desses produtos complexos no Brasil atingiu a marca de R$ 90 bilhões em 2024, com um crescimento de 16%. Este número mostra o quanto os investidores estão expostos a esses instrumentos, muitas vezes sem compreender totalmente os riscos envolvidos.
Este guia foi criado para você. Vamos explorar os casos que causaram prejuízos devastadores, mostrando como a falta de informação adequada pode transformar uma promessa de rentabilidade em uma armadilha financeira. Conhecer os perigos é o primeiro passo para proteger o seu dinheiro.
Principais Conclusões
- Investidores enfrentaram perdas devastadoras de até 93% em aplicações específicas.
- A falta de transparência e informação clara foi um fator crucial para os prejuízos.
- O mercado de produtos estruturados movimentou R$ 90 bilhões no Brasil em 2024.
- Produtos financeiros complexos exigem conhecimento profundo antes do investimento.
- Entender os riscos é fundamental para proteger seu patrimônio.
- Grandes corretoras distribuem produtos que podem conter riscos severos.
- Aprender a identificar armadilhas é essencial para decisões conscientes.
O que são COEs
Quando você ouve falar em investimentos que prometem proteção do capital com rentabilidade superior, pode estar diante de um produto estruturado complexo. Esses instrumentos financeiros são conhecidos como Certificados de Operações Estruturadas.
Explicação do produto
Imagine uma “embalagem” que reúne diferentes tipos de ativos em uma única aplicação. Esse é o conceito básico desses produtos. Eles combinam renda fixa com renda variável, criando uma estratégia personalizada.
O banco emissor seleciona diversos ativos como ações, moedas e índices. Usa instrumentos financeiros complexos para construir essa operação estruturada. O objetivo é otimizar ganhos enquanto tenta proteger seu capital inicial.
Como funcionam e riscos envolvidos
O funcionamento desses produtos tem como base um ativo de referência. Este ativo serve como lastro e define o desempenho do seu investimento. Se o ativo performa bem, você pode ter ganhos. Se performa mal, enfrenta perdas.
Existem diferentes tipos dessas operações estruturadas no mercado. Cada tipo apresenta características específicas de risco e retorno. É fundamental compreender essas diferenças antes de investir.
Os principais riscos incluem a complexidade do produto, que dificulta o entendimento completo. Há também o risco de crédito da instituição emissora. A baixa liquidez pode impedir o resgate quando você mais precisa.
Apesar da promessa de proteção, esses produtos carregam riscos substanciais. Muitas vezes, essas informações não são comunicadas com clareza pelos assessores.
Casos de Prejuízo em COEs
Casos concretos mostram como investimentos aparentemente seguros podem gerar perdas devastadoras. Vamos explorar situações reais que afetaram pessoas em diferentes regiões do Brasil.
Exemplos reais: Ambipar e Braskem
O caso Ambipar representa um dos exemplos mais impactantes. Investidores que aplicaram em produtos ligados a esta empresa receberam apenas 6,88% do valor investido. Isso significa uma prejuízo brutal de 93,12%.
Um morador de Itapema (SC) viu R$ 30 mil se transformarem em apenas R$ 2.876. Outro investidor de Campinas (SP) perdeu R$ 270 mil de seus R$ 289 mil aplicados.

Prejuízos percentuais e seus impactos
Nos produtos relacionados à Braskem, as perdas foram menores mas ainda significativas. Os investidores conseguiram resgatar entre 26,62% e 36,97% do capital original.
Estes números mostram o prejuízo real que afeta famílias brasileiras. O caso ambipar braskem serve como alerta importante sobre produtos complexos.
A notícia sobre recuperação judicial da Ambipar fez os títulos despencarem. Já a Braskem enfrentou rebaixamento após movimentação financeira suspeita.
Principais Erros Cometidos pelos Investidores
Analisando os relatos de quem sofreu prejuízos significativos, é possível identificar padrões comuns de comportamento arriscado. Muitas pessoas entraram nesses produtos sem o conhecimento necessário sobre como funcionavam realmente.

Falta de conhecimento e transparência
Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa, afirma que “os COEs são vendidos, em regra, num ambiente de desinformação ao investidor”. Esta realidade afetou muitos investidores que não compreendiam os riscos envolvidos.
As informações críticas sobre vencimento antecipado e falta de cobertura do FGC ficaram obscuras. A complexidade dos contratos dificultou o entendimento completo por parte das pessoas.
Orientação inadequada dos assessores
Relatos no Reclame Aqui e Reddit mostram casos de assessores prometendo “segurança da renda fixa” com rentabilidade superior. Um investidor de Itapema que buscava aplicações conservadoras foi direcionado para produtos complexos.
Marcus Valverde alerta que a falta de clareza prejudica quem não tem familiaridade com o mercado financeiro. Muitos confiaram cegamente nas recomendações sem questionar adequadamente.
A combinação entre produtos complexos e comunicação deficiente criou uma armadilha para investidores despreparados. Conhecer esses erros ajuda você a evitar situações similares.
Tipos de COEs e Seu Funcionamento
Compreender as diferenças entre os principais tipos de produtos estruturados é fundamental para sua proteção financeira. Existem duas categorias principais que definem o nível de risco do seu investimento.
COE de capital protegido versus COE com capital em risco
No primeiro tipo, conhecido como de capital protegido, o banco garante que você receberá pelo menos o valor da sua aplicação no vencimento. Isso teoricamente protege seu dinheiro mesmo se a estratégia não der certo.
Já o segundo tipo coloca seu capital em risco em busca de rentabilidade maior. Aqui, você pode perder parte ou até todo o valor investido se o plano não funcionar.
Mas atenção: a proteção do primeiro produto depende de regras contratuais. Jeff Patzlaff explica que problemas de crédito do emissor ou resgate antecipado podem causar perdas. Foi o que aconteceu nos casos Ambipar e Braskem.
Na prática, o banco divide seu capital: uma parte vai para renda fixa (garantia) e outra para derivativos (ganhos). Essa estrutura define o produto e seu risco.
Por isso, verifique todas as condições antes de qualquer aplicação. Entenda cenários de inadimplência que podem afetar sua proteção.
COEs XP BTG: Riscos e Prejuízos
A diferença entre o valor nominal e o valor de mercado pode representar um abismo financeiro quando produtos complexos são liquidados precocemente.
Marcação a mercado e vencimento antecipado
Jeff Patzlaff explica que esses produtos têm mecanismos que podem antecipar o vencimento quando os títulos perdem valor significativamente. “Ao acionar o ‘gatilho’, o emissor calcula o valor de recuperação desses títulos a mercado e paga ao investidor o valor calculado, não o nominal.”

O BTG Pactual optou pela marcação a mercado, refletindo nos extratos quanto o mercado pagaria pelo produto naquele momento. Já a XP liquidou antecipadamente as emissões, pagando apenas 6,88% do capital aplicado.
Esses investimentos BTG Pactual eram do tipo bonds repack, que “reempacotam” títulos de dívida emitidos no exterior. Ofereciam rentabilidades atrativas como IPCA + 9,5% ao ano.
Quando o gatilho de vencimento antecipado é acionado, o cálculo considera o preço atual do ativo, não o investimento original. Os produtos tinham vencimento entre 2031-2033, mas problemas de crédito anteciparam a liquidação.
Muitos tentaram resgatar antecipadamente em janeiro, mas descobriram que não havia liquidez. O ativo base estava sendo negociado a preços próximos de zero, arrastando os valores dos produtos.
Dicas Práticas para Proteção e Estudo
Para evitar armadilhas no mercado, você precisa desenvolver estratégias de proteção baseadas em informação transparente. A educação financeira é sua maior aliada contra riscos ocultos.
Estratégias para investimentos mais seguros
Sempre peça informações detalhadas sobre cláusulas de vencimento antecipado e situações de risco de crédito. Jeff Patzlaff recomenda: “É essencial compreender os cenários simulados, especialmente o mais desfavorável”.

| Característica | Investimento Seguro | Investimento Arriscado |
|---|---|---|
| Transparência | Informações claras e completas | Detalhes técnicos obscuros |
| Liquidez | Resgate facilitado | Baixa liquidez |
| Complexidade | Fácil compreensão | Estrutura complexa |
| Rentabilidade | Expectativas realistas | Promessas exageradas |
Nunca concentre grande parte do patrimônio em um único produto. A diversificação reduz riscos significativos.
Dicas para iniciantes no mercado financeiro
Comece com investimentos simples em renda fixa tradicional antes de considerar produtos complexos. CDBs, Tesouro Direto e LCIs oferecem boa proteção para quem está começando.
Desenvolva o hábito de questionar recomendações. Se algo parece bom demais para ser verdade, provavelmente esconde riscos não comunicados adequadamente.
Como investidor, sua melhor proteção é o conhecimento. Estude diferentes classes de ativos antes de comprometer seu dinheiro em investimentos complexos.
Alternativas de Investimento para Iniciantes
Existem alternativas mais seguras e transparentes para quem deseja investir sem correr riscos elevados. Estas opções oferecem proteção adequada enquanto você constrói experiência no mercado.
Opções menos arriscadas e diversificação de carteira
O Tesouro Direto é uma excelente porta de entrada. Você investe em títulos públicos com risco muito baixo e diferentes prazos.
CDBs de bancos sólidos também são alternativas seguras. Eles oferecem cobertura do FGC, protegendo até R$ 250 mil por CPF.
LCIs e LCAs são interessantes por serem isentas de Imposto de Renda. Estas letras de crédito também contam com garantia do fundo protetor.
A diversificação é fundamental para qualquer investidor. Distribua seus investimentos entre diferentes ativos e classes.
Nunca concentre grande parte do patrimônio em um único produto. Esta estratégia reduz o risco total da sua carteira.
Fundos conservadores como DI e renda fixa simples oferecem gestão profissional. Eles são ideais para quem busca segurança com liquidez diária.
Como investidor iniciante, priorize a preservação do capital. Construa uma base sólida antes de considerar investimentos mais complexos.
Análise dos Fatores que Influenciam o Preço dos COEs
A saúde financeira da empresa emissora é o primeiro fator crítico na formação de preços. Quando uma companhia enfrenta problemas de crédito, o valor dos títulos que servem de base para esses produtos pode despencar rapidamente.
As condições contratuais também são determinantes. Muitos contratos permitem vencimento antecipado em situações específicas. Um pedido de recuperação judicial ou dificuldades no pagamento de dívidas podem acionar essas cláusulas.
Condições contratuais e solvência do emissor
No caso da Ambipar, a notícia sobre possível recuperação judicial fez os títulos perderem valor drasticamente. As ações da empresa chegaram a cair mais de 90%, impactando todos os produtos vinculados.
A Braskem é outro exemplo relevante. O rebaixamento da nota de crédito pela desaceleração setorial gerou desconfiança no mercado. Isso pressionou negativamente o preço dos títulos da companhia.
Importância dos relatórios de risco e auditorias independentes
Especialistas defendem a necessidade de relatórios mais transparentes. Eduardo Silva afirma que avaliações objetivas por entidades independentes são essenciais.
Uma gestão inadequada de dívidas pode levar a perdas significativas. Por isso, entender esses fatores protege seu investimento contra surpresas desagradáveis.
Conclusão
O conhecimento adquirido ao longo desta análise transforma sua perspectiva sobre decisões financeiras importantes. Você agora compreende como investidores podem enfrentar perdas significativas em produtos complexos.
Os casos apresentados demonstram a necessidade de maior transparência no mercado. Marcus Valverde defende que essas situações devem gerar discussão na CVM sobre regras mais protetivas.
Eduardo Silva reforça a importância do alinhamento entre o produto e o perfil do investidor. Com um mercado que movimentou R$ 90 bilhões em 2024, a educação financeira se torna essencial.
Não arrisque seu dinheiro sem entender os produtos. Aprenda sobre diferentes investimentos e tome decisões de forma consciente e segura. Seu patrimônio merece essa proteção.
FAQ
O que é um COE e como ele funciona?
Um Certificado de Operações Estruturadas (COE) é um produto de investimento que combina renda fixa com exposição a outros ativos, como ações ou índices. Seu retorno depende do cumprimento de condições específicas definidas no contrato. É importante entender que ele não é um título de dívida tradicional e possui riscos próprios, incluindo a possibilidade de perda parcial ou total do capital aplicado se as condições não forem atendidas.
Quais são os principais riscos de investir em COEs?
Os principais riscos envolvem a marcação a mercado, que pode causar valorizações e desvalorizações diárias, e o vencimento antecipado em cenários negativos, limitando seu ganho. Além disso, há o risco de crédito do emissor, como um banco, e o risco da performance do ativo-objeto, como uma ação específica. Em casos de pedido de recuperação judicial da empresa referência, o investidor pode sofrer prejuízos significativos.
Meu capital está protegido em um COE?
Depende do tipo de COE que você escolhe. Existem versões com capital protegido, onde você recebe de volta pelo menos o valor aplicado no vencimento, e versões com capital em risco, onde você pode perder parte do valor investido. É fundamental ler o prospecto e entender qual modelo você está adquirindo, pois a proteção não é uma regra geral para todos os produtos.
Quais são alternativas mais seguras para iniciantes?
Para quem está começando, investimentos de renda fixa tradicional, como Tesouro Direto, CDBs de bancos sólidos e fundos de renda fixa, costumam ser opções menos complexas. A diversificação da carteira é uma estratégia chave para gerenciar riscos. Buscar produtos alinhados com seu perfil de investidor e objetivos de longo prazo é sempre recomendado.
O que devo fazer se sentir que fui mal orientado pelo meu assessor?
Se você acredita que o produto não foi adequadamente explicado ou que os riscos foram minimizados, o primeiro passo é buscar uma conversa clara com seu assessor ou a instituição financeira. Documente todas as comunicações. Caso não haja solução, você pode registrar uma reclamação no canal de atendimento do banco e, se necessário, acionar órgãos de defesa do consumidor ou a própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Como posso me proteger ao considerar um COE?
Sua maior proteção é o conhecimento. Estude minuciosamente o prospecto, prestando atenção nas condições para ganho e nas cláusulas de vencimento antecipado. Pesquise a saúde financeira do emissor e da empresa que serve como referência para o produto. Não hesite em fazer perguntas até entender completamente todos os mecanismos e possíveis cenários de retorno e perda.
